O depoimento de Luciana Lopes do Nascimento, ex-esposa de Allison Wattson, na tarde desta sexta-feira (24), na 2ª Vara do Tribunal do Júri durante o julgamento do caso da morte de Camila Abreu, foi marcado por intensas desavenças entre defesa e acusação. A juíza Maria Zilnar Coutinho precisou intervir diversas vezes para advertir as partes.
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A informante respondeu os questionamentos da defesa e descreveu o ex-marido como um pai responsável e carinhoso com o filho. Luciana negou que Allison Wattson a tivesse agredido alguma vez durante os sete anos que foram casados. Nas declarações, ela suavizou a imagem de um homem agressivo levantado pelo Ministério Publico.
“Vivemos bem muito tempo, muito responsável para nossa família”, disse. “Na nossa (casa) sempre teve um chefe da casa, ele era o chefe, rígido, mas sempre dentro do normal”, completou. Perguntada sobre discussões em casa, ela respondeu: “A gente discutia normal, como todo casal discute, mas nada fora do limite”, declarou.
Família da vítima se manifesta no TJPI / Foto: Assis Fernandes - O Dia
O novo depoimento, contudo, é diferente do colhido durante as investigações do caso em novembro de 2017, quando Luciana disse à polícia que Wattson tinha histórico de agressões, que já tinha sido agredida verbalmente e que o ex-capitão tinha feito gestos de que iria lhe agredir fisicamente.
O promotor identificou a mudança das informações prestadas pela ex-mulher e questionou o motivo. Luciana afirmou que foi obrigada pelo delegado a assinar o depoimento, mesmo tendo encontrado declarações que não teriam sido feitas. “Me senti coagida”, disse ao representante do Ministério Público. “Ele falou para mim que eu tinha que assinar”.
A acusação disse que acionará a corregedoria da Secretaria de Segurança para investigar a conduta do delegado no caso para identificar qualquer intenção de coação, o que irá apurar também a veracidades das revelações da depoente.
Sobre o caso
Allison Wattson é acusado de ter matado dentro do próprio carro e ocultado o cadáver de Camila Abreu, na Zona Rural de Altos, em outubro de 2017. Além disso, segundo a Delegacia de Homicídios, ele lavou o veículo sujo de sangue para lavar alegando que pretendia vendê-lo.
Allison foi preso dias depois do crime e encaminhado ao Presídio Militar de Teresina porque, na ocasião, ainda integrava o quadro de oficiais da PM. Em março de 2019, sua expulsão da corporação foi confirmada e, respondendo na justiça comum pelo crime, ele foi transferido para a Penitenciária Irmão Guido onde está preso desde então.