O clima ficou tenso na manhã desta quinta (05) na Câmara
Municipal de Teresina. Vereadores da base do prefeito e até mesmo parlamentares
de oposição criticaram o que chamaram de “manobra” do presidente do parlamento,
Enzo Samuel (PDT), para novamente não votar a operação de crédito de € 38 milhões de euros junto à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
O empréstimo no total de cerca de R$ 210 milhões havia sido aprovado em primeira votação na última quarta (29) e ainda não foi votado em segundo turno. O processo é uma ratificação da linha crédito contratado junto ao banco europeu. O valor foi aprovado em maio de 2020, porém a operação não foi de efetivada junto ao banco devido à pandemia que impôs restrições financeiras. Para que o empréstimo seja concedido, a instituição financeira exige que novamente o projeto seja apreciado no legislativo.
De acordo com os bastidores, Enzo teria convocado uma reunião com os vereadores no salão nobre da Câmara, exatamente no horário de início da sessão plenária que poderia votar o empréstimo. Após o início da sessão o presidente do parlamento teria retornado ao plenário e não iniciado a sessão por uma eventual falta de quórum.
Enzo Samuel nega que tenha feito uma manobra para não votar os empréstimos. “Não tem qualquer tipo de dificuldade, pelo contrário, esta casa aprovou quase R$ 1 bilhão de empréstimo para a Prefeitura para a realização de obras. O que nós queremos são as informações necessárias para votar e prestar as informações para o povo de Teresina. O povo vai querer saber qual a taxa de juros, quantas casas serão construídas, qual o plano de execução. Tenho um diálogo bom com o líder do Prefeito, o que eu acho que falta é maior celeridade por conta do município”, destacou.
FOTOS: Assis Fernandes/ O DIA
Além dos R$ 210 milhões junto a AFD também está parado na Câmara outro empréstimo de R$ 37 milhões junto a Caixa Econômica Federal para a construção de casas populares na Santa Maria da Codipi. Os vereadores pressionam a Prefeitura para não votar a matéria, os parlamentares da capital querem a liberação de emendas parlamentares e o cumprimento de acordos estabelecidos entre o Palácio da Cidade e a Câmara.
Até a oposição é contra a “manobra”
A tensão instalada no parlamento uniu até mesmo vereadores de oposição e situação. A “manobra” coordenada pelo G9, grupo de nove vereadores independentes que Enzo Samuel faz parte, foi criticada pelo bloco oposicionista. Vereadores como Ismael Silva (PSD) e Edson Melo criticaram a medida.
“ Eu acredito que está havendo um choque entre o
executivo e a própria base do Prefeito, isso é ruim para a cidade. Eu mesmo
nunca votei contra empréstimo desde que obedeça os tramites legais, sempre
votei favorável e vou votar favorável. Essa artimanha política de atrasar
votação não é bom para a casa e nem para a população”, atacou Edson Melo.