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Durante ocupação, estudantes pedem exoneração do Reitor da UFPI e novas eleições

O pedido ocorre por conta do crime ocorrido no último sábado (28) que ocasionou na morte de Janaína Bezerra.

31/01/2023 11:47

Atualizada às 14h56.

Durante a ocupação, os estudantes pediram a saída do Reitor da UFPI, Gildásio Guedes, do cargo. Além disso, a realização de uma nova eleição para a Reitoria da universidade O pedido ocorre por conta da morte da estudante Janaína Bezerra, que ocorreu dentro da instituição no último sábado (28). A solicitação leva em consideração reivindicações que, segundo os estudantes, são antigas. Como a falta de transporte público, a ausência de iluminação adequada na universidade e a questão da segurança dos estudantes. 

“Nossas reivindicações visam garantir nossa segurança e bem estar aqui dentro, para que casos como o da Janaína nunca mais aconteçam. São questões emergenciais e que a reitoria tem o prazo de um dia para nos dar uma resposta. Depois disso, a depender se a posição for negativa ou positiva, iremos tomar nossas medidas. No caso da Janaina e em diversos outros casos fica explícito a não preocupação com os nossos problemas. Precisamos de medidas concretas e imediatas, pois só reunião não resolve. A nossa luta por transporte coletivo na UFPI talvez seja a luta mais antiga. Não estamos satisfeitos porque já ouvimos essas promessas antes. Iremos ficar de olho, pois essas medidas precisam sair do papel”, afirma a estudante de ciências sociais Elika Aguiar, que faz parte da União Estadual dos Estudantes (UNE). 

(Foto: Nathália Amaral/ODIA)

Segundo a estudante, o reitor não foi eleito por meio do regimento. “Ele é fruto de uma intervenção que o governo Bolsonaro fez aqui e em diversas outras instituições e nós precisamos reverter essa situação. Sabemos que em diversas universidades os reitores foram eleitos por meio do processo de intervenção direta. Com o caos da Janaína nós percebemos completo descaso por parte do reitor e de outros funcionários”, disse.

Sobre o assunto, a reitora em exercício, Regilda Saraiva, aponta que as reivindicações dos estudantes são justas e necessárias e que era preciso que um diálogo fosse travado para que as essas questões sejam resolvidas. “Algumas coisas iremos resolver a curto prazo, outras a médio. Mas era preciso que a gente tivesse esse diálogo para a construção do combate à violência. Nossa instituição é aberta e sabemos que é preciso aumentar nosso efetivo de segurança. Mesmo com todos os cortes, é fundamental que tenhamos um maior contingente de vigilantes e também que a gente treine nossos profissionais para situações que possam vir a ocorrer. As estudantes também deram a ideia de contratarmos seguranças mulheres para que as alunas se sintam mais seguras e confortáveis”, reforça.

Outra reivindicação é que Thiago Mayson da Silva Barbosa, acusado de ter matado e abusado sexualmente de Janaína Bezerra, seja jubilado da universidade. Apesar de o assunto ainda não ter sido discutido oficialmente, a estudante Elika Aguiar ressalta que o acusado não pode circular normalmente pela universidade e continuar estudando na instituição. "Também estamos pedindo a saída dele, pois não tem como uma pessoa que destruiu a vida de uma mulher, de uma comunidade acadêmica e de uma família, continue frequentando os mesmos espaços que a gente e continue tendo o status de estudante da UFPI”, conclui. 


(Foto: Pedro Melo / Arquivo Pessoal)

Matéria original

Na manhã desta terça-feira (31), um grupo de estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) ocupou o prédio da reitoria da instituição em protesto contra a morte da estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra , ocorrida no último sábado (28). (veja vídeo abaixo!)

Eles querem ser recebidos pelo Reitor da Universidade, Gildásio Guedes, para cobrar a criação de um Fórum de Segurança e uma Rede de Combate à Assédio e medidas institucionais. A curto prazo, os estudantes pedem o levantamento dos nomes de alunos e professores assediadores.

As alunas que participam da ocupação denunciaram que o estudante suspeito de ter estuprado Janaína da Silva Bezerra já tinha uma série de denúncias por abuso. Além dele, um outro aluno também é conhecido por uma série de denúncias e que mesmo assim ele continua tendo livre acesso a universidade

Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ver os estudantes ocupando o Salão Nobre da reitoria, sob gritos de: "A reitoria é nossa". Os alunos também criticam o fato de todos os reitores da instituição serem homens brancos. Segundo os alunos, "a universidade só se mobilizou para conversar com os estudantes após a morte da Janaína, mas a discussão sobre a falta de segurança já estava sendo pautada pelo movimento estudantil há meses".

Confira o vídeo do momento da ocupação do Salão Nobre da Reitoria:

Um grupo de pró-reitores esteve no local para tentar dialogar com os estudantes. Um deles, o diretor administrativo da UFPI, afirmou que "a falta de recursos é um dos fatores que contribui para a falta de segurança". As demandas agora serão encaminhadas para a reitora em exercício, a Pró-Reitora de Pós-Graduação Regilda Moreira.

"Serão criados protocolos e entramos com um pedido na Universidade Federal para criarmos um grupo de trabalho para discutirmos um protocolo de enfrentamento à questão da violência contra as mulheres. Esse grupo de trabalho, a princípio, será com professores de núcleos de pesquisas ligados às mulheres, e vamos propor a participação igualitária de estudantes, técnicos e outros professores. Essa é uma cultura que a gente precisa construir em todos os espaços", disse a Coordenadora de avaliação e regulação acadêmica, Edna Magalhães.

(Foto: Pedro Melo / Arquivo Pessoal)


(Foto: Pedro Melo / Arquivo Pessoal)

O caso

Janaína Bezerra, estudante do quarto período do curso de Jornalismo, foi morta dentro de uma sala do Curso de Matemática, no prédio do Centro de Ciências da Natureza (CCN). O principal suspeito de ter cometido o crime é um aluno do Mestrado em Matemática da UFPI, Thiago Mayson da Silva Barbosa.  De acordo com a Polícia Civil, a estudante foi estuprada e teve o pescoço quebrado.

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