Nesta terça-feira (28) é comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+. Porém, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais aproveitam a data para chamar atenção sobre os desafios que o movimento enfrenta, especialmente com relação ao mercado de trabalho.
Segundo Maria Laura Reis, coordenadora do Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis (GPTrans), o mercado de trabalho ainda é um desafio para a maioria das pessoas LGBTI+ por conta do preconceito e da descriminação, sendo este preconceito acentuado e potencializado para travestis e transexuais.
“Muitas delas não passam e nem são chamadas para as entrevistas de emprego. As poucas que conseguem se inserir é porque conhecem alguém na empresa ou passou em algum concurso público. O mercado de trabalho é muito fechado para inserir a pessoa LGBTI+, por mais qualificadas que elas sejam. Até temos pessoas gays, lésbicas, bissexuais, mas quando vai para a identidade de travestir e transexual, essas portas se fecham. Temos vários relatos de várias pessoas que buscam o mercado de trabalho formal e infelizmente precisam recorrer a outros meios que lhes são impostos, como o mercado da prostituição, ser cabeleireira e trabalhar em cozinha, mas estamos lutando para mudar essa realidade”, relata Maria Laura Reis.
(Foto: Arquivo ODIA)
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 42 mil pessoas se declararam homossexuais ou bissexuais em 2019, no Piauí. O percentual equivale a somente 1,7% da população do Estado. Em Teresina, o percentual dos que se declararam homossexuais ou bissexuais foi de 2,6%, o que representa 18 mil pessoas.
Janaína Mapurunga, superintendente de Direitos Humanos da Secretaria da Assistência Social e Cidadania (Sasc), lembra que 20 municípios piauienses assinaram o pacto de enfrentamento à LGBTfobia, entretanto, ela destaca a importância do desenvolvimento de políticas públicas para a comunidade LGBTI+, tanto no enfrentamento à violência como de inclusão e cidadania dessa comunidade.
“Nós fazemos várias ações o ano todo. Temos o centro de referência LGBT aqui do Piauí, onde ofertamos a carteirinha do nome social, que é um direito da população LGBT”, cita.
Os dados do PNS foram os primeiros feitos pelo IBGE voltados para a contagem populacional de homossexuais e bissexuais do Brasil, tanto que o próprio órgão pediu cautela ao divulgar e interpretar as informações. No país, contabilizou-se 2,9 milhões de homossexuais e bissexuais.
Matizes realiza ato de Orgulho LGBTQIA+
O Grupo Matizes realiza, nesta terça-feira (28), às 16h, o “Arrasta-pé Orgulho LGBTQIA+”, no passeio da avenida Frei Serafim. O ato será uma caminhada com concentração em frente ao Convento São Benedito, que seguirá até o cruzamento com a avenida Coelho de Resende. O evento contará com apresentações de DJ; Bumba Meu Boi; das artistas Samantha Savatore, Patty Girl e Vitória Andrade e outros.
“Será um evento em clima de tradições nordestinas. Convidamos a todos para celebrar o Mês do Orgulho com uma celebração junina e, ao mesmo tempo, reforçar a nossa luta por direitos”, frisa a vice-coordenadora do Matizes, Marinalva Santana.
O Matizes, que completa 20 anos, também vem realizando ações pela empregabilidade de pessoas LGBTQIA+, como o Selo Território Livre de LGBTQI+fobia para empresas, aprovado na Câmara Municipal.
“Nossas principais lutas, este ano, são pela inclusão LGBTQIA+ no mercado de trabalho e a conscientização pelo voto em quem defenda nossas bandeiras, nas eleições. Esse será, inclusive, o foco da Semana do Orgulho de Ser, principal ação do calendário anual do Matizes”, enfatiza Marinalva Santana.
Além disso, em alusão ao Dia Internacional do Orgulho de Ser, a Ponte Estaiada receberá as cores do arco-íris, representando a bandeira da população LGBTQIA+.