A crise do transporte público de Teresina entrará em novo capítulo. Isso porque os motoristas e cobradores de ônibus decidiram por unanimidade deflagrar greve geral no setor. A data ainda será definida em uma nova reunião, mas na sexta-feira (03), os trabalhadores vão se encontrar com deputados estaduais e vereadores para informar do que foi acordado na assembleia e ouvir deles o que poderá ser feito para impedir que os ônibus da capital parem de vez.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
A informação foi confirmada na manhã de hoje (01) por Antônio Cardoso, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Transporte Rodoviário de Teresina (Sintetro). Ele comenta que a greve era uma situação inevitável diante das condições de trabalho em que motoristas e cobradores se encontram. Segundo Cardoso, há empresas atrasando salários e a convenção coletiva da categoria, que deveria ter sido assinada em 2019, nunca chegou a ser de fato discutida com a classe patronal.
“A greve é sempre nossa última alternativa. Não é uma coisa que queremos fazer, mas na atual situação ela é inevitável. Teresina não tem um transporte de qualidade e a população não aguenta mais sofrer com isso. A população e os trabalhadores, que são penalizados com essa briga entre a Prefeitura e os empresários. O poder público não se mostra disposto a negociar mais, então é o jeito que a gente parta para uma greve geral. É para mostrar nossa insatisfação e exigir melhorias”, explica Cardoso.
Antônio Cardoso informou que a greve geral dos motoristas e cobradores foi aprovada por unanimidade - Foto: Assis Fernandes/O Dia
Uma medida para a crise do transporte que os motoristas e cobradores apontam como sendo viável é a contrapartida do Governo do Estado no setor. Tramita em regime de urgência na Assembleia Legislativa (Alepi) o projeto de lei do governador Rafael Fonteles que prevê a desoneração do ICMS cobrado sobre o óleo diesel dos ônibus de Teresina e também a isenção do IPVA para aquisição de novos veículos e ampliação da frota.
O Governo propôs ainda subsidiar as gratuidades de servidores estaduais que utilizam o transporte coletivo e também as meia-passagens estudantis dos alunos da rede pública do Estado. Se postas em prática, essas medidas permitiram colocar mais 300 ônibus para circular e o impacto financeiro seria de R$ 3 milhões, o que supriria mais da metade do déficit calculado pelos empresários que operam o setor.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
Em conversa com o Portalodia.com, o presidente do Sintetro diz que é preciso ainda reativar as linhas de ônibus que foram descontinuadas pela Strans. A greve, afirma Cardoso, vem no sentido de pressionar o poder público a agir de alguma forma para resolver de vez o problema.
“Ainda não temos uma data, mas a greve é certa, tanto é que foi aprovada por todos os trabalhadores sem exceção. Vamos agora conversar com outras categorias trabalhistas que são diretamente afetadas pela falta do transporte como os lojistas e os comerciários para chegarmos a um denominador comum e garantir que a população sofra o menos possível com isso”, finaliza Cardoso.