Nesta quarta-feira (02), o Piauí registrou 2.117 novos casos confirmados de Covid-19 em 24 horas. O número é o mais alto desde que a pandemia do novo coronavírus teve início, em março de 2020. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) e revelam também a crescente de óbitos.
(Foto: Divulgação/Sesapi)
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Em apenas uma semana, entre os dias 02 de fevereiro e 26 de janeiro, a quantidade de casos confirmados triplicou, passando de 690 para 2.117.
Segundo o professor Emídio Matos, doutor em Ciências Biomédicas e membro do núcleo de Pesquisa em Análise de Saúde da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), o Estado já se encontra na terceira onda e que a crescente de casos e óbitos deve subir consideravelmente.
O pesquisador comenta que o Piauí está vivendo um momento extremamente crítico devido ao aumento vertiginoso de casos confirmados de Covid-19. Ele destaca que, embora o Estado não esteja fazendo o sequenciamento em tempo real para avaliar se existe a presença da Ômicron circulando em território piauiense, o comportamento de subida de novos casos indica que há a prevalência dessa variante.
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“Isso, aliado ao relaxamento de todos nós no final do ano passado, quando voltamos a encontrar amigos em bares, a fazer eventos familiares maiores, o número de shows aumentou muito, e esse conjunto favoreceu esse aumento absurdo de casos, que felizmente o número de óbitos não tem acompanhado na mesma proporção”, destaca.
(Foto: Assis Fernandes/ODIA)
“A gente já está na terceira onda, sem dúvida nenhuma. E vai ser uma curva muito vertiginosa de casos. Felizmente os óbitos não vão acompanhar a mesma proporção, embora devam aumentar”, destacou. Os casos confirmados foram registrados entre pessoas com idade de 01 a 96 anos.
Na noite desta quarta, foram confirmados sete óbitos. No dia 01 de fevereiro, o ano de 2022 registrou a maior alta, com 10 pessoas que perderam a vida para a doença. Em todo o Estado, 7.405 morreram em decorrência do novo coronavírus.
Emídio Matos, entretanto, ressalta que isso não significa que a variante Ômicron seja menos inofensiva. Ele pontua que o menor número de óbitos é resultado da imunização, em decorrência da vacina contra Covid-19. “Temos verificado que as pessoas não vacinadas ou não completamente vacinadas são a maioria dos casos graves neste momento. Isso mostra a importância e a necessidade de vacinar, sobretudo de fazer a terceira dose”, acrescenta.
(Foto: Divulgação/Sesapi)
Desde o início de 2022 o Piauí vem apresentando um aumento significativo no número de internações em leitos de UTI Covid-19. Em apenas 30 dias, de 18 de dezembro de 2021 a 18 de janeiro de 2022, a região da Chapada das Mangabeiras, por exemplo, dobrou a média de novos casos e internações, saltando de 33,33 para 66,70. A região de Entre Rios, Carnaubais e Vale do Sambito também teve alta na média, de 43,32 para 65,80. Os dados são do grupo de Pesquisa em Análise de Saúde da Universidade Federal do Piauí (Ufpi).
Atualmente, dos leitos existentes na rede de saúde do Piauí para atendimento à Covid-19, 475 estão ocupados, sendo 310 leitos clínicos, 150 UTI’s e 15 leitos de estabilização. As altas acumuladas somam 24.984 até o dia dois de fevereiro de 2022. Segundo Emídio Matos, o aumento de casos confirmados reflete diretamente na quantidade de pessoas que buscam atendimento da rede hospitalar, especialmente por leitos clínicos e de UTI Covid-19, o que tem gerado filas.
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“Já temos filas por leitos de UTI, o que provoca uma desassistência para a população. Esperamos que as novas medidas contidas no Decreto possam reduzir a velocidade de crescimento. A população precisa compreender que esse não é o momento de shows e bares. É preciso recuar e ter uma compreensão coletiva”, disse.
Emídio Matos lembra que todos esses esforços são para que as aulas voltem a funcionar. Para isso, é necessário que os pais e as escolas se comprometam a seguir rigorosamente os protocolos de segurança. “Se não seguir, teremos surtos dentro das escolas, e não terá outra alternativa senão fechar cada escola que tenha surto", complementa o pesquisador.
De acordo com a Sesapi, aulas devem ser suspensas caso alunos testem positivo para covid. Apesar da recomendação, um grupo de pais é contra a medida.
O superintendente de Atenção à Saúde e Municípios, da Sesapi, Herlon Guimarães, destaca que com a crescente transmissibilidade do vírus no Estado, pode estar ligada às variantes do novo coronavírus. “Estamos assistindo uma transmissão do vírus que não tínhamos visto antes. Muito provavelmente um dos motivos é a variante Ômicron. O Estado segue fazendo sua pesquisa e nesse momento já possui exames avaliados e que estão aguardando a validação da CGLAB para termos os resultados, e dessa forma possamos trabalhar de forma transparente e tomar as medidas mais adequadas na condução do estado no enfrentamento a pandemia”, aponta.