O ex-capitão da Polícia Militar, Allison Wattson da Silva Nascimento, foi condenado a 13 anos, 7 meses e 21 dias de prisão pelo assassinato da jovem Camilla Abreu em crime praticado em outubro de 2017 na cidade de Teresina. A sentença foi proferida na madrugada deste sábado (25) pela juíza Cássia Lage de Macedo, titular da 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Capital. O julgamento, que se iniciou na manhã de ontem (24), durou mais de 16 horas.
Leia também: Caso Camila Abreu: família pede pena máxima para Allison Wattson
Caso Camila Abreu: Ex-esposa de Allison Wattson muda depoimento e diz que foi coagida
Caso Camila Abreu: familiares e amigos protestam e pedem justiça em frente ao TJPI
Para estabelecer a duração da pena, a magistrada levou em consideração o fato de que Allison Wattson não possuía antecedentes criminais. No entanto, Cássia Lage ressaltou os relatos de uma das testemunhas, que afirmou que o réu tinha comportamento abusivo e que costumava agredir física e psicologicamente Camilla Abreu. A juíza também destacou que o motivo do crime foi fútil e que o comportamento da vítima "em nada influenciou para a prática do delito", como vinha sustentando a defesa de Allison.
Na sentença, juíza afirma que Allisson demonstra "aparente desprezo pela vida humana" - Foto: Reprodução/Facebook
Pelo fato do ex-PM estar preso desde 31 de outubro de 2017 até o dia julgamento, a juíza aplicou uma detração penal, fixando a pena final de 13 anos, sete meses e 21 dias reclusão. Inicialmente, Alisson Wattson cumprirá pena em regime fechado. Na decisão, a magistrada destacou que a pena aplicada não pode ser substituída por outras medidas restritivas ou multas, tendo em vista que o crime de homicídio praticado pelo condenado não prevê a análise desde benefício legal.
A justiça também negou a possibilidade de suspensão da pena, uma vez que Allison Wattson não satisfaz os requisitos necessários para isso, já que sua condenação foi superior a dois anos de reclusão. Também foi negado a ele o direito de recorrer em liberdade, uma vez que os indícios de materialidade e autoria do crime estão devidamente evidenciados e diante do "risco trazido pela liberdade do investigado". Diz a juíza Cássia Lage: "os autos revelam aparente desprezo pela vida humana, indicativo potencial de reiteração da prática criminosa".
Entenda o caso
Allison Wattson da Silva Nascimento assassinou a então namorada, Camilla Pereira de Abreu, com um tiro em crime ocorrido em outubro de 2017 em Teresina. Dias após o crime, o corpo de Camilla foi encontrado em um matagal no Povoado Mucuim, próximo a Altos. Em depoimento à polícia, Allison confessou a autoria do homicídio e acabou sendo preso. Na ocasião, o delegado do Departamento de Homicídios, Francisco Baretta, deu detalhes do depoimento dele e disse que o então capitão da PM havia matado a vítima dentro do próprio carro com um tiro durante uma discussão e que, aparentemente, não apresentava qualquer indício de remorso pelo ato praticado.
Além do homicídio com a qualificadora do feminicídio, Alisson também passou a responder por ocultação de cadáver e fraude processual, uma vez que tentou dificultar o trabalho da polícia se desfazendo das provas de sua autoria do crime. Segundo informou a polícia à época, o então PM levou seu carro sujo de sangue para lavar e ainda teria tentado vender o veículo. Um ano e quatro meses após sua prisão, Allison foi expulso da Polícia Militar e perdeu o posto de capitão e oficial da Segurança Pública.