A greve dos motoristas e cobradores de ônibus de Teresina deve iniciar a partir da próxima quarta-feira (08). É isso o que afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Transporte (Sintetro), Antônio Cardoso. Amanhã (07), a categoria terá uma assembleia com participação do secretário municipal de Governo, Michel Saldanha, para discutir a crise do transporte e tentar chegar a uma solução. Mas caso esse entendimento não ocorra, já na quarta (08), a categoria deve parar de maneira geral.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
Os motoristas e cobradores estão reunidos nesta manhã (06) com diversas outras categorias em um protesto em frente à Câmara Municipal de Teresina e à Assembleia Legislativa do Piauí. Tramita na Assembleia em caráter de urgência um projeto de lei de autoria do Executivo Estadual que prevê a aplicação de medidas no sentido de amortizar a dívida da Prefeitura com as empresas de ônibus e, quem sabe assim, melhorar a qualidade do serviço prestado.
Os motoristas e cobradores pretendem, com o ato de hoje, pressionar os vereadores e deputados para que essas medidas sejam aprovadas o quanto antes e se tornem lei aplicável. “Queremos que os deputados pressionem os vereadores dos seus partidos para que se resolva essa situação com o possível afastamento do prefeito, já que ele não apresenta nenhuma solução. Amanhã tem uma conversa que será conduzida pelo secretário Michel Saldanhã e caso ele não convença a categoria, na quarta-feira estaremos de greve por tempo indeterminado e não tão pacificamente, porque já estamos cansados disso”, desabafa Cardoso.
“Sem transporte, direitos sociais estão sendo roubados”, diz cadeirante
Além dos motoristas e cobradores de ônibus, quem também está presente no ato na Avenida Marechal Castelo Branco e manifesta insatisfação com a falta de transporte público em Teresina é a Associação dos Cadeirantes da Capital (Ascamte). A principal reclamação da categoria diz respeito à má qualidade dos ônibus que circulam pela cidade, muitos dos quais estão com as plataformas elevatórias quebradas e não possuem o mínimo de acessibilidade para as pessoas com mobilidade reduzida.
É o que relata o ex-presidente da Ascamte, Valdenício Martins. “Há rampas quebradas, falta de fiscalização. É preciso fiscalizar nas garagens para que esses ônibus quebrados não saiam nas ruas e a gente que que conta ele acabe ficando na mão. Isso sem contar o Transporte Eficiente, que de eficiente não tem nada. Antes nós tínhamos 65 ônibus dessa categoria circulando e hoje são cinco ou seis. Ou seja, nossos direitos estão sendo tirados, direitos sociais estão sendo roubados se a gente não tem como ir e vir. Como vai ter saúde, lazer e segurança se não transporte?”, questiona Valdenício.
Vale lembrar que no último dia 07 de fevereiro, o Transporte Eficiente de Teresina paralisou as atividades e os usuários denunciaram que o principal motivo era justamente a precariedade da frota, além da redução no número de ônibus.
Foto: André dos Santos/O Dia
Espera na parada é de até três horas em bairros mais distantes do Centro
Algo que os teresinenses estão sendo obrigados a pôr em prática nos últimos meses é a arte da espera. Na falta de ônibus coletivo e na impossibilidade de se conseguir meios alternativos de transporte, as pessoas chegam a passar até três horas nas paradas aguardando uma condução. Isso se repete com mais frequência em bairros mais distantes do Centro da cidade. Há casos em que somente um ônibus permanece rodando ao longo do dia para atender aglomerados populacionais volumosos como os da zona Sul, por exemplo. São três a quatro bairros contemplados com uma única linha.
É o que diz Napoleão Canário, que é membro da Comissão de Transporte e representante da zona Sul da capital. “Sofremos demais, ficamos nas paradas três horas esperando um ônibus. Eles começam a rodar 5h50 e ficam até as 8h40. Depois recolhem e temos que esperar só um ônibus que fica na linha para atender às necessidades de uma comunidade enorme que é o Torquato Neto, Angelim, Vila Irmã Dulce e Santo Antônio”, relata.
Napoleão Canário diz que a espera por um ônibus na zona Sul chega a até 3 horas - Foto: André dos Santos/O Dia
Napoleão tem participado das audiências sobre o transporte na Câmara Municipal e disse que tem saído frustrado dos encontros uma vez que a resolução para o dilema parece cada vez mais distante e indefinida. “Tivemos audiência na sexta-feira passada e o vereador que conduziu tudo terminou falando que a Câmara não pode mais fazer nada porque está nas mãos do prefeito. Se ele não resolve, solicitamos o afastamento dele”, afirma Napoleão.
Para Débora Paiva, que também é membro da Comissão de Transporte de Teresina e mora no bairro Memorare, a situação toda se resume em falta de respeito com a população. “Jogam de um lado para o outro e a população fica sendo massacrada. Pedimos o impeachment do prefeito Dr. Pessoa porque ele, pelo visto, não está disposto a contribuir com os pedidos da Câmara e não tem respeito pela população”, diz Débora.
Membros da Comissão de Transporte vão se reunir amanhã (07) com o presidente da Assembleia, deputado estadual Franzé Silva (PT) para tentar novamente chegarem a um acordo.