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Transporte em Teresina: motoristas decidem sobre paralisações, mas descartam greve geral

Trabalhadores dizem que em caso de greve geral, poderá haver demissões. Categoria pede transporte de qualidade e reativação de linhas desativadas.

06/02/2023 11:22

Os motoristas e cobradores de ônibus de Teresina estão reunidos hoje (06) para discutir sobre a possibilidade de novas paralisações no transporte público da capital a exemplo da que foi feita no começo da manhã. No entanto, a categoria descartou o risco de deflagrar greve por tempo indeterminado porque, segundo ele, isso pode acabar levando a uma demissão em massa dos trabalhadores.

Quem explica é Antônio Cardoso, presidente do Sintetro (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Teresina): “a gente não vai fazer greve porque é isso que o prefeito quer.  Há apenas uma espera por parte da Prefeitura de que a gente venha a anunciar uma greve oficialmente para que ela possa trazer empresas de fora para atuarem de forma irregular no sistema de transporte de TeresinaIsso a gente não vai permitir, porque vai desencadear um desemprego em massa da categoria, da manutenção ao tráfego”, explicou Antônio.


Antônio Cardoso é presidente do Sintetro - Foto: Assis Fernandes/O Dia

De acordo com ele, o problema do transporte público na capital piauiense é resultado de uma briga pessoal da Prefeitura com o Setut (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano). No meio dos impasses ficam a população desassistida de ônibus e os trabalhadores que, conforme afirma Cardoso, estão há meses na incerteza de receberem seus salários.

“A nossa principal reivindicação é a nossa convenção assinada que garante nossos direitos. Não dá é para o trabalhador trabalhar e quando chegar na véspera do pagamento, o Setut vir dizer que não vão pagar porque a Prefeitura não repassou o que devia”, afirma ele. Esse impasse já se arrasta desde o fim de 2022, quando os trabalhadores deixaram de receber em dezembro o que lhes era devido e só vieram receber no começo de janeiro.


Motoristas e cobradores descartam possibilidade de greve geral - Foto: Assis Fernandes/O Dia

“População não quer ônibus gratuito. Quer pelo menos os ônibus”

Em janeiro deste ano, o prefeito Dr. Pessoa e o superintendente da Strans, Bruno Pessoa, se reuniram para discutir a possibilidade de implantar gratuidade no transporte público de Teresina. Hoje (06), o Sintetro comentou a proposta e disse que gratuidade é o que menos importa quando a população sequer consegue ter acesso a ônibus a contento.

O que os teresinenses querem, segundo Antônio Cardoso, presidente da entidade, é transporte público de qualidade. “A população não quer ônibus gratuito. Ela quer pelo menos os ônibus, pediu carros na rua e com qualidade. Qual a dificuldade que tem? A gente quer de volta as linhas que foram desativadas, quer ônibus aos finais de semana para que as pessoas possam sair para passear pela cidade, possam ir trabalhar. É isso que tem que ser feito”, pontua o presidente do Sintetro.

De acordo com o levantamento feito pela entidade, há pelo menos cinco linhas que tiveram uma drástica redução em sua frota nos últimos meses de forma ainda não explicada. São elas: Três Andares, que tinha seis ônibus e agora tem apenas um; Redação-Casamater, que tinha nove ônibus e agora tem somente um; Rodoviária Circular, que tinha 18 ônibus e agora possui apenas três; e Universidade 401, que contava com 20 veículos, mas hoje conta com somente oito.

Há ainda as linhas que, conforme o Sintetro, foram desativadas. São elas: Lourival Parente-Shopping e IAPC-Cristo Rei.


Foto: Assis Fernandes/O Dia

O outro lado

Sobre a paralisação que aconteceu hoje em Teresina, o Setut voltou a afirmar que o setor enfrenta dificuldades financeiras, sobretudo no que respeita a insumos e salários dos trabalhadores. A entidade novamente atribuiu os problemas à Prefeitura e à inconstância dos repasses de subsídios para manutenção do sistema de transporte da capital. A reportagem do Portalodia.com procurou a Strans. O órgão disse que não foi informado oficialmente da paralisação pelo Sintetro e nem pelo Setut e que não teve tempo hábil de cadastrar ônibus alternativos para atender à população. 

Confira a nota do Setut na íntegra:

“O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) informa que o setor tem enfrentado dificuldades financeiras, sobretudo no que tange a insumos e salários dos trabalhadores. Com o constante descumprimento por parte da Prefeitura de Teresina dos repasses de subsídios devidos, o sistema de transporte público enfrenta desequilíbrio econômico e déficit operacional.

O SETUT esclarece que já enviou um ofício à Strans informando a situação e aguarda retorno da Prefeitura  para uma resolução efetiva desse problema. A gestão municipal deve assumir a responsabilidade e sua omissão tem prejudicado a todos: população, trabalhadores e concessionárias”

Confira a nota da Strans na íntegra

A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) informa a respeito da paralisação do transporte público, nesta manhã de segunda-feira (6), que não foi informada, oficialmente, da paralisação pelo Sintetro e nem pelo Setut. Sendo assim, não teve tempo hábil de realizar o cadastramento de ônibus para atender a população no horário em que foi realizada a paralisação na Capital. 

A Strans busca resolver as questões do transporte público junto às empresas que operam o transporte na Capital e assim garantir o serviço com qualidade aos 

A Strans informa que, nesse momento 10h30, foi constatado, por meio do sistema CITIGIS, de georreferenciamento, realizado pela equipe de Planejamento de Transportes da Strans, que 183 veículos estão circulando nas ruas. A ordem de serviço vigente é de 226 veículos.

A paralisação dos trabalhadores do transporte público encerrou às 8h.

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