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Um ano após incêndio na Serra da Capivara, apicultores acumulam prejuízos

Abelhas fugiram do calor, do fogo e da fumaça durante o incêndio que durou quase duas semanas em setembro de 2021. Impacto ecológico afetou também a economia.

01/09/2022 12:25

Era 7 de setembro de 2021 quando o Corpo de Bombeiros de Teresina foi solicitado para dar reforço nas operações de combate ao incêndio florestal que atingia a região de São Raimundo Nonato e ameaça inclusive chegar ao Parque Nacional da Serra da Capivara. Foram 13 dias de trabalhos intensos para conseguir controlar as chamas e evitar que o desastre ambiental se tornasse maior. Apesar disso, a estimativa é de que o bioma leve até 20 anos para se recuperar.


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Mas mesmo com todos os esforços, a destruição da mata nativa tomou proporções consideráveis. De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São Raimundo Nonato, o incêndio que ocorreu em setembro de 2021 destruiu 3.070 hectares de vegetação na zona Rural da cidade. E para além do impacto ecológico, houve também o impacto econômico: apicultores da região tiveram perdas porque abelhas produtoras de mel fugiram das colmeias devido ao calor, ao fogo e à fumaça. Em alguns casos, colmeias inteiras foram destruídas.

(Foto: Arquivo ODIA)

Um ano depois, alguns micro-produtores ainda tentam se refazer dos prejuízos. “Aqui a área da apicultura é muito forte e foi uma perda gigantesca. Esse prejuízo ambiental foi também um prejuízo econômico e que só não foi maior porque nesse ano de 2022 nós tivemos chuvas regulares, teve florada. Como o fogo tirou muita mata nativa, as abelhas fugiram por causa da fumaça. O prejuízo foi principalmente direcionado a apicultores que tinham caixa de abelha e colmeias na região”, explicou o secretário de Meio Ambiente de São Raimundo Nonato, André Landim.

Incêndios florestais preocupam neste começo de B-R-O-Bró

A partir de setembro, o Piauí entra no período conhecido como B-R-Ó-Bró, quadrimestre marcado por altas temperaturas. Uma época preocupante, uma vez que o sono seco e a vegetação contribuem para o risco de queimadas. Mas, desde agosto o Estado vem registrando intensas queimadas em diversos municípios, batendo recorde de focos. De 01 a 31 de agosto, o Piauí registrou 1.659 focos de queimadas, 59% dos casos registrados ao longo dos oito meses, que acumulou 2.810 focos.


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Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgados pelo Portal do Monitoramento de Queimadas e Incêndios Florestais. A semana de 22 a 28 de agosto teve o maior registro de focos registrados, acumulando 524 focos. Durante o mês de agosto, o município de Uruçuí registrou 137 focos de queimadas

A situação em São Raimundo Nonato não é tão diferente. No último domingo (27), equipes da Secretaria de Meio Ambiente, do Corpo de Bombeiros e do ICMBio precisaram se mobilizar para controlar as chamas de um incêndio que atingiu um assentamento ecológico na zona Rural da cidade. O fogo foi contido sem tanta dificuldade, no entanto a situação acendeu um alerta nas autoridades competentes.

Equipes da Delegacia de Meio Ambiente, cuja sede fica em Teresina, se deslocaram para São Raimundo no sentido de investigar as causas do incêndio florestal e aplicar uma punição aos eventuais responsáveis. O trabalho investigativo faz parte das ações para coibir desastres envolvendo fogo em vegetação. Mas há também um trabalho preventivo sendo desenvolvido.

(Foto: Arquivo ODIA)

No intuito de evitar que situações fora de controle como a que ocorreu nas proximidades da Serra da Capivara ano passado se repitam, o Corpo de Bombeiros juntamente com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São Raimundo e o ICMBio montaram uma operação denominada de Guardiões do Bioma. A ação tem por objetivo basicamente orientar agricultores e a própria população sobre a queima controlada, ou seja, a prática de atear fogo para limpar terrenos e preparar a terra para o plantio.

Entre as ações que estão sendo desenvolvidas, está a liberação de autorizações de queima controlada mediante solicitação à Secretaria do Meio Ambiente. A autorização da queima é expedida pelo Estado do Piauí e a prática ser acompanhada por equipes especializadas tanto da Semar (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e recursos Hídricos) quando por equipes do Corpo de Bombeiros.


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Até o momento, em São Raimundo Nonato há apenas uma solicitação de queima controlada. Ela já foi autorizada e realizada mediante fiscalização. O secretário André Landim dá mais detalhes.

“A Secretaria de São Raimundo não tem competência legal para emitir o documento da queima, então temos essa parceria com a Semar para repassar para eles as solicitações que chegarem e permitir ao agricultor que faça a queima controlada. O problema é que essas pessoas sequer procuram os órgãos responsáveis para fazer o procedimento. E é aí que reside o perigo, porque a queima controlada, se não for de fato controlada, ela pode descambar rapidamente para um incêndio de grandes proporções e fora de controle como o que vimos no ano passado”, alerta o secretário.

(Foto: Arquivo ODIA)

André Landim faz um apelo para que a população atue em conjunto com os órgãos de fiscalização na Operação Guardiões do Bioma e compareça às reuniões de orientação e instrução com o Corpo de Bombeiros sobre a queima controlada e as ações de prevenção contra incêndios florestais. O gestor pede também que os moradores da região de São Raimundo Nonato se mobilizem para ajudar na fiscalização e denúncia de eventuais queimas irregulares.

O secretário de Meio Ambiente de São Raimundo Nonato orienta: “As pessoas devem procurar informação junto aos órgãos competentes, porque queimar lixo em espaço urbano é crime. Pedimos para que essas pessoas tomem consciência que ao colocar fogo em um terreno, estamos prejudicando a saúde de outras pessoas”, finaliza André Landim.

Queimadas irregulares geram multa de até R$ 4.500 em Teresina

É importante lembrar que a queima de resíduo sólido, mato ou qualquer outro material orgânico ou inorgânico no âmbito do perímetro do Município de Teresina é proibida e pode gerar multas que variam de R$ 1.500, a R$ 4.500, como previsto na Lei nº 5073, de 2017. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Semduh) alerta que essa prática agride o meio ambiente, põe em risco a vida da população e de animais e também pode causar interrupções nos serviços elétricos se muito próxima à rede elétrica.

Em casos de incêndios próximos à rede elétrica, a Equatorial Piauí deve ser acionada por meio da Central de Atendimento, no número 0800 086 0800. A Defesa Civil também cumpre importante papel na prevenção às queimadas, mantendo fiscalizações diárias contra essa prática. Em situações de descontrole do fogo, deve-se acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros pelo número 193. A população pode ainda colaborar informando os focos de incêndio pelos telefones da Defesa Civil: 199 e (86) 3223 7366.

Principais medidas preventivas

  • Evite acender fogueiras, principalmente próximo à rede elétrica;
  •  Não jogue pontas de cigarro acesas às margens de rodovias ou próximo a qualquer tipo de vegetação;
  • Apague com água as cinzas de fogueiras para evitar que o vento leve as brasas para as matas e não coloque fogo em terrenos baldios ou lixões;
  • Não acenda velas e fogueiras próximo à vegetação mais seca;
  • Não faça queimadas para limpar pastagens ou plantio agrícola;

Realize os aceiros (faixas ao longo de divisas, cercas e áreas de vegetação nativa livres de vegetação) para a segurança da área – quando em período de estiagem ou com a queimada programada. Evita-se, assim, queimadas descontroladas ou incêndios.

Forma correta de descarte de lixo

Ponto de Recolhimento de Resíduos (PRRs)

Distribuídos por todas as zonas da cidade, os contêineres na cor laranja são para colocar restos de material de construção e/ou reformas (limitado a 1 metro cúbico ou uma carroceria pequena), móveis usados e podas de árvores.

Atualmente, a Prefeitura de Teresina disponibiliza 55 PRRs, mas enfrenta problemas quanto ao uso indevido dos containers. Entretanto, muitas vezes, a pessoa coloca o lixo do lado do PRR, ao invés de colocar dentro. Também é comum jogarem lixo doméstico e animais mortos, o que não é permitido. Ao lado de cada container tem uma placa explicando as regras.

Postos de Entrega Voluntária (PEVs)

Existem 21 PEVs em Teresina, também distribuídos em todas as zonas da cidade, especialmente em praças. São lixeiras coloridas que armazenam material reciclável: vidro, metal, papel e plásticos. Nesses PEVs há um funcionário da limpeza pública para orientar a população sobre a forma correta de armazenar esses materiais, além disso, todos os materiais estão listados na própria lixeira.

Quando há mais de 50 quilos de material reciclável a ser recolhido, a Prefeitura busca esse material sem custos, basta ligar e agendar o recolhimento. A coleta gratuita de material reciclável também acontece rotineiramente em condomínios e empresas.

Coleta domiciliar

Em dias alternados, os caminhões da coleta domiciliar recolhem os sacos de lixo em toda a cidade. Os resíduos devem ser armazenados em sacos plásticos resistentes, devidamente amarrados. Caso contenha material cortante, é necessário colocar esse material dentro de uma caixa de papelão e fechar a caixa com fita, para garantir a segurança das equipes de limpeza.

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