A morte da professora e servidora pública, Wana Sara, completa dois meses no dia 04 de maio. Ela teve seu carro arrastado para dentro da galeria que fica no cruzamento da rua Eustáquio Portela com a Avenida Homero Castelo Branco, zona Leste de Teresina. O trecho está em obras e é conhecido por ser um ponto crítico durante o período chuvoso, já que costuma alagar.
Leia também: Obra na Homero Castelo Branco segue causando transtorno a motoristas e comerciantes
Passados 90 dias, os familiares da jovem contam que ainda não conseguiram passar pelo local do acidente. Para eles, o trecho ficou marcado como a maior tragédia de suas vidas. O esposo de Wana Sara, Diogo Procópio, relata que chegou a ir ao local no domingo, quando ocorreram as buscas pelo corpo de sua esposa. Desde então, ele tem desviado a rota e evitado o trecho.
(Fotos: Assis Fernandes/ODIA)
“Eu fui no dia seguinte, enquanto o corpo dela ainda não tinha sido encontrado. Quando eu vi a cratera foi que eu vi a proporção do buraco. A gente imaginava que era uma magnitude menor, mas quando chegamos vimos o tamanho daquilo. Após isso, não consegui passar lá, sempre desvio porque não tenho condições. Ali é uma área que sempre se ouvia falar que carros eram arrastados, mas a maior consequência que se tinha era um carro quebrado, que o seguro resolve, e agora chegamos ao extremos de perder vidas”, disse Diogo Procópio.
A irmã de Wana, Wilsara Henrique, também relata que busca vias alternativas e que evita passar pelo local desde o acidente que resultou na morte de sua irmã. Para Wilsara, a morte de Wana poderia ter sido evitada se o poder público tivesse adotado medidas de segurança no local.
“Essa situação não é fácil. O que a gente gostaria realmente é que isso tivesse sido evitado e ela estivesse conosco hoje. Daria para ter evitado se tivesse uma fiscalização dos órgãos públicos e se eles tivessem tomado todas as medidas e providências necessárias, se as medidas de segurança da obra não tivessem sido negligenciadas. Tivemos que ter essa perda, que foi muito grande”, relata.
Esposo de Wana Sara, Diogo Procópio (Foto: Assis Fernandes/ODIA)
Wilsara Henrique destaca que o delegado Paulo Gregório, titular do 5º Distrito Policial, está finalizando o inquérito, colhendo depoimentos e provas, e, assim que concluído, a família cobrará que os responsáveis pela obra sejam punidos.
É o que também reforça a advogada da família e prima de Wana Sara, Lilianne Oliveira. “O inquérito está sendo concluído pelo delegado. Toda semana tem alguma novidade, com depoimentos, e vai ser um inquérito muito bem apurado, com muitas provas técnicas, e o responsável terá que ser responsabilizado. É um inquérito sigiloso, que estamos aguardando as provas. É notório que o local domingo de manhã já não era o mesmo que sábado de manhã. Vemos que a cratera era imensa e caberia não somente um, mas dois carros, e pela altura que estava a água, a pressão estava muito forte”, explica.
Família comemora lei que prevê indenização a pessoas vítimas de enxurradas em Teresina
Na última quarta-feira (27), a Câmara Municipal de Teresina aprovou a Lei Wana Sara, que prevê o pagamento de indenização, pela Prefeitura de Teresina, a pessoas que forem vítimas das enxurradas na capital. O texto inclui tanto danos materiais quanto danos à integridade física das daqueles que passarem por alguma situação de transtorno relacionado à falta de estrutura de Teresina para o escoamento da água em chuvas mais intensas.
(Foto: Reprodução/redes sociais)
A lei foi batizada com o nome de Wana Sara em homenagem à servidora pública municipal que perdeu a vida após o carro que ela dirigia ser arrastado pela força da correnteza e ir parar dentro de uma galeria na Avenida Homero Castelo Branco, na Leste de Teresina. O texto segue agora para sanção do prefeito Dr. Pessoa.
Lilianne Oliveira, advogada da família e prima de Wana Sara, enfatiza que, pontua que a lei ajudará outras pessoas a não serem vítimas do descaso de órgãos públicos em relação às obras de escoamento de Teresina, e lembra que a perda de Wana é algo irreparável. “É um sentimento de tristeza. Preferíamos ter a Wana aqui, com sua alegria, mas essa lei veio para que tenhamos uma base legal. Não precisaremos mais utilizar várias leis para justificar uma situação, mas teremos sim uma lei que contemple tudo”, finaliza.
Entenda o caso
No dia 04 de fevereiro de 2022, durante o temporal que caiu em Teresina, o carro da servidora pública Wana Sara Cavalcante Henrique foi arrastado para dentro da galeria da zona Leste, na Rua Eustáquio Portela com a Avenida Homero Castelo Branco. O veículo foi retirado da galeria na manhã do sábado (05), entretanto, o corpo da servidora não tinha sido encontrado. No mesmo dia, o Corpo de Bombeiros iniciou as buscas para localizar a jovem, mas o corpo só foi encontrado na manhã do domingo (06), na área do Parque Ambiental Floresta Fóssil, na zona Leste.