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Dor e angústia marcam o natal de mães com filhos desaparecidos em Teresina

Mães de Lucas Vinícius e Fernando passarão a noite de natal, na lembrança dos filhos. Os dois completam hoje (24) oito meses de desaparecimento.

24/12/2022 14:58

O natal deste 24 de dezembro de 2022 será mais triste nas casas de Dona Ana Lúcia, mãe de Lucas Vinícius  e de Lúcia Rodrigues, mãe de Fernando. O jovem e o adolescente completam hoje (24) oito meses de desaparecimento. E a dor e a angústia dos familiares só aumentam a cada dia sem respostas sobre o paradeiro dos dois, que teriam saído para aproveitarem momentos de lazer em festas. E de lá, nunca mais voltaram.

Caso Lucas: “Maior presente de natal seria uma resposta sobre o que aconteceu”, diz mãe

“Ano passado, ele veio para cá (São Paulo). Passamos o natal juntos”. O relato é de Dona Ana Lúcia, mãe de Lucas. Ela está na capital paulista, mas aceitou gravar entrevista com o Portal O Dia, e contar como ela vai passar essa data - que seria de alegria e união - mas que pela ausência do filho, será de muita dor.

Lucas, reunido com a família (Foto: Reprodução /  Redes Sociais)

“No natal do ano passado, ele me falou que com 40 anos me daria um neto. Conversamos sobre os planos de abrir um negócio juntos, aqui embaixo de casa. É tudo muito triste. O maior presente para nós, seria uma resposta sobre o que aconteceu com o Lucas. A última pessoa que esteve com ele, precisa falar a verdade. Porque no Rio Poti, ele não está!”, disse Ana Lúcia.

(Foto: Reprodução / Redes Sociais)

“Essa foto é da formatura. Quantas formaturas foram interrompidas? Ele se formava em direito esse ano, e ano que vem ele iria fazer especialização para ser delegado. Ele tinha muitos sonhos, não tinha depressão coisa nenhuma! Não consumia bebida alcóolica, nem refrigerante ele bebia! Ah, eu estou destruída”.

Caso Fernando: “Aqui o natal vai ser péssimo. Tiraram um pedaço do meu coração”

Por ironia infeliz do destino, outra Lúcia também sofre a dor de cada dia não saber o que aconteceu com o filho, o Fernando Ribeiro Silva Filho, de 13 anos, está desaparecido desde o dia 24 de abril , após participar de uma festa no sítio Velho Wilson, no bairro Vale do Gavião, zona Leste de Teresina. O jovem Fernando foi para a festa com dois amigos e teria sido visto pela última vez ao entrar correndo em um matagal.

(Foto: Assis Fernandes / O DIA)

De lá para cá, se passaram oito meses e a vida de Lúcia Rodrigues mudou completamente. “Eu estou num sufoco maior do mundo. Minha rotina está péssima, não consigo mais sair de casa, porque quando saio o povo me reconhece e cada uma vai contando uma história diferente do que aconteceu com o meu filho. O natal vai ter péssimo aqui, tiraram um pedaço do meu coração”, conta Lúcia.

(Foto: Arquivo Pessoal)

A mãe garante que ele não tinha envolvimento com facções ou com o tráfico de drogas. “Ele não era usuário de drogas, trabalhava de carroça com o pai e já se sustentava. Ia para as festas, mas com o dinheiro dele. O delegado falou que se a ossada encontrada  não for dele, vai voltar para a polícia civil, para iniciar a investigação", conta preocupada sobre essa incerteza se sobre o filho se prolongar.

Dona Lúcia mostra o quarto que Fernando estava reformando com o dinheiro do próprio trabalho (Foto: Assis Fernandes / O DIA)

As mães querem saber a verdade. Para assim, cobrarem justiça!

Tudo o que Ana Lúcia e Lúcia Rodrigues pedem neste momento é por justiça pelos filhos. Mas também uma resposta, para que elas possam prosseguir a vida. “Eu só peço justiça! É um direito humano de uma mãe. A justiça está muito lenta, efeito formiguinha. Eu não quero dinheiro, eu quero saber onde está meu filho. O que ainda me mantém de pé, é lutar por justiça para o Lucas. Porque se não for eu, quem vai fazer justiça por ele?”, clama Ana.

Lúcia Rodrigues também cobra das autoridades mais celeridade no resultado do laudo da ossada encontrada, que supostamente seria de Fernando. “Sete meses para dar um laudo? É uma falta de respeito. Justiça, e rápido! Porque eu não consigo nem botar a minha cara na porta. Que eles desvendem logo esse crime para eu poder – nem voltar ao normal, porque acho que não volta mais – mas tentar viver um pouco mais”.

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