O ano de 2022 foi marcado por uma série de greves e protestos na Capital. Grande parte das mobilizações tinham como alvo a gestão da Prefeitura de Teresina. Na educação municipal, por exemplo, os professores ficaram 213 dias em greve por reivindicar o pagamento linear do reajuste do piso salarial de 33,23%, após a Prefeitura conceder apenas 16% de majoração.
Foto: Arquivo O Dia
Durante os sete meses de greve, os professores chegaram a fazer diversas manifestações em frente à Prefeitura de Teresina e até mesmo durante a comemoração do aniversário da Capital. Em um dos protestos realizado no dia 15 de março, em frente ao Palácio da Cidade, a tropa de choque da Polícia Militar usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio para conter um grupo de manifestantes. Uma criança chegou a ser atingida pelo gás lacrimogênio e uma mulher desmaiou durante a ação da PM.
Foto: Arquivo O Dia
O movimento grevista também foi marcado em diversas ocasiões por agressões verbais e físicas. No mês de agosto, o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, foi acusado de ter agredido uma professora com um chute durante um protesto. No dia 07 de setembro, no desfile de Independência, Dr. Pessoa chegou a se referir à categoria como “vagabundos”. Em contrapartida, durante os atos, os manifestantes se referiam ao prefeito como “mentiroso” e o vice-prefeito, Robert Rios, como “usurpador”.
A greve teve fim em setembro deste ano, após o TCE reconhecer o dever dos municípios em honrar o valor estabelecido no piso nacional, com isso, os professores retornaram às salas de aula.
Moradores também protestaram contra a gestão de Dr. Pessoa
O prefeito de Teresina também foi alvo de protestos de moradores de Teresina. Na Pedra Mole, moradores encontraram um jeito diferente de protestar contra os buracos na Avenida Dr. Josué de Moura Santos. Cansados de esperar uma solução para o problema, a população teve a ideia de instalar a placa “Parabéns, Dr. Pessoa (non grata)" e usar o trocadilho para denunciar o descaso da Prefeitura de Teresina com a comunidade. Em março deste ano, a equipe do O DIA esteve na avenida e constatou que o local estava praticamente intrafegável devido à quantidade de buracos.
Foto: Arquivo O Dia
Já no bairro Tabuleta, na zona Sul da Capital, moradores usaram um boneco para representar o Dr. Pessoa. “Ele está aqui na lama porque essa é a situação que a rua se encontra”, disse o líder comunitário Elias Barbosa. O protesto foi realizado na Rua Treze de Maio, próximo ao Condomínio Dom Avelar, no bairro Tabuleta, para pedir a construção de uma galeria na região. Segundo os moradores, a água que fica empoçada esconde buracos e se torna um perigo para quem trafega pelo local.
No Parque Sul, moradores usaram do bom-humor para denunciar o descaso da prefeitura com a situação crítica do cruzamento das avenidas Alaídes Paz do Nascimento com Dr. Manoel Ayres Neto. Para ironizar a situação, um grupo de moradores fingiu estar em um balneário, com direito a trajes de banho, mesa de bar e até cerveja. Segundo a população, o “balneário” é o resultado de problemas no escoamento do esgoto e vazamentos de água.
Enfermeiros anunciaram greve, mas foram barrados pela Justiça
Os mais de mil profissionais que compõem o setor de enfermagem da saúde municipal de Teresina anunciaram greve por tempo indeterminado a partir do dia 09 de maio, mas foram impedidos pela Justiça de continuarem com o movimento . A categoria denunciava um acúmulo de 38% de defasagem salarial desde 2013, os trabalhadores reivindicam concessão de 10,5% de reajuste e a inclusão da categoria no grupo de profissionais que recebeu aumento em seus vencimentos pela prefeitura, como os professores, por exemplo.
Foto: Arquivo O Dia
No dia em que a greve estava prevista para iniciar, o Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI) decretou a ilegalidade do movimento. Na época, a justiça alegou que o movimento agravava “substancialmente” a prestação do serviço público de saúde na capital em meio a um surto de dengue, chikungunya e zika que demandava atendimentos de urgência.
Em 2022, motoristas e cobradores fizeram greve no transporte por 23 dias
Motoristas e cobradores do transporte público também paralisaram suas atividades do dia 21 de março a 14 de abril deste ano. As categorias reivindicavam o cumprimento do acordo coletivo da categoria por parte das empresas. Diante da greve no sistema de transporte, os teresinenses tiveram que recorrer ao metrô e aos ligeirinhos. Este último é um tipo de serviço considerado ilegal e que funciona como uma espécie de lotação, onde um carro leva quatro ou até cinco pessoas que queiram ir para a mesma região por um preço similar ao da passagem de ônibus.
Foto: Arquivo O Dia
Após 23 dias de greve e inúmeras negociações, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro) entraram em acordo e assinaram a convenção coletiva dos trabalhadores, onde os mesmos tiveram a garantia de que os direitos trabalhistas seriam resguardados, como um salário regular e auxílio saúde. Apesar do fim da greve, os trabalhadores continuaram a denunciar ao longo do ano o descumprimento do acordo coletivo assinado em abril e chegaram até a ameaçar realizar uma nova paralisação.